O Planeta dos Macacos (1968)
País: USA, 112 minutos
Titulo Original: Planet of the Apes (Título Original)
Diretor(s): Franklin J. Schaffner
Gênero(s): Aventura, Sci-Fi
Legendas: Português,Inglês, Espanhol
Tipo de Mídia: Cópia Digital
Tela: 16:9 Widescreen
Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080
DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA
PRÊMIOS
Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, EUA
Prêmio Honorário por seu excepcional trabalho de maquiagem (John Chambers )
INDICAÇÕES
Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, EUA
Oscar de Melhor Figurino (Morton Haack)
Oscar de Melhor Trilha Sonora (Jerry Goldsmith)
Prêmios Laurel, USA
Prêmio Laurel de Ouro de Melhor Filme de Ação - Drama
Sinopse: Um grupo de astronautas viaja pelo espaço por séculos em estado de hibernação quando acidentalmente cai em um planeta desconhecido, avariando imediatamente a nave espacial, que demonstra no visor o ano de 3978. Sem contato com a Terra e com provisão somente para três dias, eles decidem explorar o planeta para descobrir se há vida. Logo após essa introdução, somos jogados dentro de um mundo estranho e proporcionalmente assustador.
Os tons em marrom captados pela excelente fotografia de Leon Shamroy e os planos gerais, que buscam destacar as gigantescas planícies desertas e os montes áridos e desocupados, nos dão a sensação de estarmos testemunhando um terreno completamente desabitado. A sensação de solidão é tão grande que os protagonistas, ao avistarem uma árvore e um lago (com um zoom deselegante de Schaffner), ignoram algo importante que haviam avistado e se jogam na água para se divertir.
A primeira aparição de vida habitada no planeta desconhecido é extremamente bem realizada por Schaffner. Enquanto vemos os astronautas caminhando, podemos perceber no segundo plano, em tamanhos minúsculos devido a distância, a presença de seres que correm para acompanhar a caminhada deles.
A tensão que começa a ser criada aqui só vai terminar quando o encontro inevitável acontece, e de uma forma contrária à expectativa criada, já que os habitantes do planeta, além de apresentarem uma aparência igual à do ser humano terrestre, demonstram ser extremamente inofensivos. Quando Taylor (Charlton Heston) faz uma piada sobre dominar o planeta em breve, os verdadeiros donos daquele lugar se apresentam em uma fantástica introdução de personagens.
Somente o som vindo da selva é suficiente para causar verdadeiro pânico naqueles presentes (e um grande impacto no espectador), iniciando uma das belas cenas do filme, a feroz caçada dos seres humanos. Ao aparecerem pela primeira vez, os macacos que originam o título se mostram seres extremamente avançados, montados em cavalos, com armas poderosas e se comunicando através da fala. A partir daí o filme explora com competência dois temas interessantes: o tratamento dado aos animais por nós seres humanos e o confronto ciência versus religião.
A parte técnica é o grande destaque da produção. A direção de arte, em conjunto com os figurinos, consegue criar um planeta totalmente caracterizado como o habitat dos macacos evoluídos. Observe como as casas são feitas em um formato que lembra os locais onde os macacos normalmente ficam nos zoológicos. Os seres humanos, que não têm o dom da fala, se vestem com panos rasgados e pouco coloridos, lembrando muito o homem pré-histórico. As jaulas onde estes ficam presos passam a sensação de claustrofobia que os personagens sentem, graças também à câmera sempre próxima do rosto deles. A trilha sonora oscila momentos em que ajuda a criar tensão com momentos em que não consegue criar conexão com a cena.
E finalmente, o grande trabalho técnico do filme fica por conta da maquiagem. O impressionante trabalho realizado para dar veracidade aos macacos hoje pode parecer estranho, mas na época foi uma verdadeira revolução causando grande impacto e gerando inclusive um prêmio Oscar honorário ao filme, muitos anos depois. Os macacos têm os traços perfeitos, falam e tem expressões faciais, como se fossem verdadeiros macacos falantes.
As atuações de todo o elenco de apoio são competentes. Repare como os seres humanos conseguem transmitir a sensação de serem selvagens através de expressões faciais e corporais. Eles se penduram nas jaulas, chacoalham e mexem as mãos, como verdadeiros homens primatas. Já entre o elenco principal, o destaque fica para o simpático casal de macacos cientistas formado por Dr. Cornelius (Roddy McDowall) e Dra. Zira (Kim Hunter).
Observe a expressão de pena no rosto de Hunter quando Taylor é preso e a reação dela ao ler a frase escrita por Taylor em um papel. Da mesma forma, McDowall expressa suas emoções conflitantes de forma brilhante ao mudar de posição sobre determinado assunto em certo momento da projeção, nos causando grande impacto. Já Charlton Heston tem uma atuação apenas razoável, se limitando a gritar e correr em diversos momentos do filme. A sua última e emocionada aparição é o ponto alto de sua atuação.
O roteiro de Michael Wilson e Rod Serling, baseado em livro de Pierre Boulle, aborda (como já citado) dois temas extremamente interessantes e delicados. O primeiro deles, menos polêmico, é uma alusão à forma brutal que o ser humano trata todo e qualquer tipo de animal aqui na terra. Ao inverter os papéis, ele nos coloca numa situação desconfortável, nos sentindo ofendidos pela forma como os seres humanos são tratados no filme. Inteligentemente, nos leva a uma série de questionamentos através da simples inversão dos papéis.
Observe a forma como os humanos são caçados com redes e laços, as jaulas, a forma de alimentação e de tomar banho, a escolha arbitrária de um casal para acasalamento e a forma como os humanos são utilizados “para o bem da ciência” em estudos experimentais. Tudo isto é uma crítica pouco sutil à forma que nós agimos contra os animais aqui na terra. Já o outro tema abordado é muito mais profundo e polêmico.
O filme aborda o poder que a religião tem de controlar a sociedade, demonstrando como ela pode ser perigosa quando seguida cegamente e sem questionamentos. Neste caso foi o macaco quem criou uma religião para controlar sua população, contornando e moldando o mundo em que vivem de acordo com o que lhes interessa. E aqui também existe o conflito religião versus ciência quanto à teoria da evolução, só que a teoria se apresenta de forma invertida, o que se revela uma engraçada ironia.
Mas é o final de O Planeta dos Macacos que causa um impacto devastador no espectador. Confesso que durante o filme identifiquei diversos problemas no mundo criado: o planeta supostamente distante tinha luz do sol, plantas, água, cavalos, bonecas e óculos. Além disso, em determinado momento questionei uma frase dita por um macaco, que faz uma piada com a palavra “terno”.
Como eles conheciam a existência do terno? Mas no último plano, o filme revela um dos mais surpreendentes finais que já tive oportunidade de testemunhar, causando uma enorme subversão de expectativa e corrigindo todos os problemas que apontei acima. O inteligente final torna o planeta em questão totalmente verossímil e amarra perfeitamente o roteiro de forma mais que brilhante. Como se não fosse suficiente, ainda aponta em 1967 para algo extremamente discutido nos dias de hoje, a falta de cuidado do homem com o seu planeta.
Elenco: